Torcida ainda sente mágoas de goleada no Candangão
Sábado, dia 1º de maio de 2011, último jogo do quadrangular semifinal do Campeonato Brasiliense. Milhares de torcedores lotavam o Estádio Diogão para acompanhar mais um jogo do “Tsunami do Cerrado” contra o eliminado Botafogo-DF. Em campo, o time precisava apenas de um empate para conquistar a vaga na Copa do Brasil e o sonho de chegar à final.
Com a bola rolando, em um primeiro tempo bastante sonolento, o volante alviverde, Matos, acerta uma bomba da intermediária aos 14 do primeiro tempo e conta com a colaboração do goleiro adversário para balançar as redes a favor do Formosa. Muita comemoração toma conta das arquibancadas do Diogão e a classificação era questão de tempo.
Fim do primeiro tempo e a torcida não acreditava que poderia enfrentar o Gama com o segundo jogo em casa. “Naquele momento, ver o Formosa na Copa do Brasil do ano que vem e assistir o time enfrentar o Gama em casa no jogo de volta era o sonho de todos os torcedores. Poucos estavam acreditando naquilo”, disse Jair, morador do Setor Primavera da cidade, de 41 anos.
Veio o segundo tempo e logo surgiu o gol do empate com Vanderlei. “Aquele gol foi um pecado. O jogo mal tinha começado e aquele gol do Botafogo-DF mostrou que não iriam brincar”, afirmou Marcos Paulo, torcedor de 29 anos.
Aos 10, a la Maracanaço, Paulo Renê virava a partida. “Só conseguimos ouvir os torcedores desacreditados com o gol e os jogadores do Botafogo comemorando. Mas, mesmo com aqueles dois gols seguidos, a torcida ainda acreditava no empate”, relatou o torcedor Jonathann, de 16 anos, que mora no Setor Ferroviário.
Pouco depois, os torcedores começaram a pedir raça, a exemplo do jogo da última rodada da primeira fase onde o time goleou o CFZ por 5 a 2. Mesmo com todo o apelo, o time ainda tentou chegar mas, em duas jogadas “seguidas”, o Botafogo decretou a goleada com gols aos 44 e aos 46 minutos.
Os que acreditavam numa virada do Brasiliense – o que tiraria o Gama da final e colocaria o Formosa – desligaram o rádio e começaram a bater palmas para o adversário. No quarto gol o tempo fechou e a torcida não poupou nos xingamentos.
Boa parte dos torcedores, após o resultado negativo, foi aos portões de acesso dos jogadores para gritarem palavrões e protestar a derrota. “Foi o pior dia da minha vida. Lembro que todo mundo estava colocando o Formosa na final, e quando o time ‘entregou’, a confusão foi muito grande. Temi por invasão dos torcedores em campo ou até mesmo uma coisa mais séria no portão”, disse Ana Clara, moradora do Setor Primavera de 31 anos que havia ido ao Diogão pela primeira vez.
Mesmo na Série D do Campeonato Brasileiro, o Formosa, que teve a segunda melhor média de público no Candangão, não conquistou pelo menos mil torcedores para um dos jogos. A cada rodada, diferente do campeonato regional, o número de presentes diminuía mais e mais até o impressionante número de 66 espectadores no último jogo do ano.
“Tirando o jogo contra o Botafogo-DF na primeira fase e do Ceilândia, fui em todos os jogos no Diogão este ano. Foi feio o time perder daquele jeito, mas o time é um patrimônio da cidade e precisava de meu apoio. Quando vi apenas 65 pagantes e mais eu, desanimei e fiquei mais triste que o resultado do jogo” relatou Jair, um dos torcedores que sofreu naquele duelo diante do Audax.
Naquela oportunidade, o Formosa teria se despedido de seu primeiro Campeonato Brasileiro perdendo por 4 a 0 para o Audax/RJ, com uma equipe completamente improvisada.
Hora de achar os culpados
Quanto à um culpado por tudo isto, as opiniões são as mais diferentes possíveis. “Ah! Pra mim, se fosse escolher um culpado, seria o goleiro – André Luís. Hoje ele está no Brasiliense né? É um ótimo jogador, mas pra mim seria ele” disse Jair.
Para Jonathann, o culpado seria o camisa 10 do Formosa: “O Luís Carlos é um dos culpados pra mim. Porque quando ele tinha que definir ele perdeu pênalti pra o Gama, depois não armou quase nenhuma jogada contra o Botafogo. O time tava rachado e ele não deveria sair do time”, desabafou.
“Pra mim, culpado foi o Auecione. Ele era muito estrela né? Quando ganhava, ele falava. Quando perdia, se escondia. Deixou o time ficar rachado e era dele a obrigação de vetar ou não o Luís Carlos. Sem dizer que o Freitas – diretor de futebol do clube –, no jogo do Gama, prejudicou por demais o time rachando mais ainda o time”, disse Marcos Paulo.
Ana foi mais diplomática ao dizer que “todo mundo foi culpado. A direção do time, os jogadores, o André, o Luís Carlos. Faltou mais humildade. O time era humilde, mas foi só chegar na semifinal que se empolgou e achou que podia vencer qualquer um”.
Até o momento, não há informações sobre quem deverá compor o elenco alviverde para 2012. Mas é provável que o meia Luís Carlos, o lateral Wilian Bahia, o zagueiro Ancelmo e o goleiro Sávio deverão prosseguir no primeiro semestre do ano que vem no alviverde.
Para dificultar mais as coisas, a primeira divisão do Candangão 2012 contará com 10 times e a vaga para o Campeonato Brasileiro Série D sairá para o campeão – ou vice, desde que o Brasiliense seja vencedor do torneio. A vaga para a Copa do Brasil de 2013 fica para os dois primeiros.
No próximo ano, independentemente do que acontecer, se o Formosa quiser disputar novamente o Campeonato Brasileiro, chegar à final deverá ser seu principal objetivo. Coisa que para a maioria dos torcedores é algo impossível.
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