Especial: O basquete masculino brasileiro

Essa vai para os amantes da bola laranja e das enterradas promovidas pelos melhores atletas de basquete do mundo que acompanham o Novo Basquete Brasil e a famosa NBA dos Estados Unidos bem como vez ou outra não deixa de jogar aquela velha partida de 21 ou de meia quadra com os amigos. Confira o levantamento histórico que o Blog Esporte de Formosa fez especialmente para você.


Um pouco da história do esporte
O basquete começou em solo norte-americano pelo professor de educação física canadense James Naismith em 1891 com as primeiras treze regras do esporte e, com o passar do tempo, foi ganhando a forma do basquete que conhecemos hoje. Se tornou modalidade olímpica em 1936 em Berlim e é jogado no Pan Americano desde sua primeira edição em 1951.

O basquete foi implantado no Brasil em 1896, pelo professor norte-americano August Shaw, do Mackenzie College. Após um início restrito à comunidade norte-americana, começou a interessar os brasileiros por volta de 1906, quando foi introduzido por Oscar Thompson na Escola Normal de São Paulo. As associações cristãs se encarregaram de divulgá-lo pelo Brasil. A Federação Brasileira de Basketball nasceu em 25 de dezembro de 1933, no Rio de Janeiro.

Em 1965 foi criada a Taça Brasil de Basquete que em 1990 se transformou em Campeonato Brasileiro de Basquete e, mais recentemente em 2008-09, se tornou no Novo Basquete Brasil. As três mudanças de nomes se deram por conta da falta de recursos e de valorização do esporte que por muito tempo tem tido dificuldades no cenário internacional.

Os principais resultados da seleção brasileira de basquete nas competições internacionais são:
- Mundial: Bicampeão (59 e 63); Prata (54 e 70) e Bronze (67 e 78).
- Pan Americano: Pentacampeão (71, 87, 99, 2003 e 2007); Prata (63 e 83) e Bronze (51, 55, 59, 75, 79 e 95).
- Sul Americano: 18 vezes campeão; 12 pratas e 8 bronzes.
- Pré Olímpico: Bicampeão (84 e 88); Bronze (92 e 95).
- Copa América (Pré-Mundial): Tetracampeão (84, 88, 2005 e 2009); Prata (2001) e Bronze (89 e 97).
- Olimpíadas: Bronze (48, 60 e 64).

Gerações vitoriosas

A primeira geração - a nossa primeira medalha olímpica
Principal atleta - Algodão (Zenny de Azevedo)
Pode-se dizer que até hoje o basquete possuiu três "gerações" vitoriosas que foram muito importantes para o desenvolvimento do esporte no Brasil. Na sua primeira medalha mais importante conquistada em 1948 nas Olimpíadas de Londres o time era composto por Bráz, Algodão, Alfredo da Motta, Nilton e Ruy Freitas com Moacir Daiuto como técnico naquela que foi a primeira geração vitoriosa.

Em 1950, esse mesmo time de 48 com Montanha, Godinho, Celso dos Santos, Plutão de Macedo, Tião, Alexandre Gemignani, Miltinho e Angelim compondo o elenco, essa geração foi a responsável por "apresentar" o Brasil ao Campeonato Mundial de Basquete em sua primeira edição realizada na Argentina. Naquela ocasião o time canarinho foi o quarto colocado entre as 10 equipes que disputaram a competição com a Argentina sagrando-se a primeira equipe campeã de basquete.

Em 1954, desta vez no Rio de Janeiro, o Brasil foi vice campeão mundial pela primeira vez e em quadra estavam Algodão, Alfredo da Motta e Angelim que tinham a equipe reforçada por parte da segunda geração do esporte como: Wlamir Marques e Amaury Pasos. No Mundial, a equipe dirigida por Kanela foi superada pelos Estados Unidos.

O atleta Algodão, inclusive, foi o primeiro jogador a se destacar no esporte. Além de ter participado da primeira medalha mais importante para o basquete nacional, Zenny de Azevedo foi campeão mundial em 1959, bronze novamente nas Olimpíadas de Roma de 1960, participou de outras duas edições dos Jogos Olímpicos em 1952 e 1956, conquistou três bronzes nos Pan Americanos (51, 55 e 59) e foi Tetra Campeão Sul Americano. No Brasil defendeu as cores do Flamengo em uma época que os torneios de basquete eram mais regionalizados.

A segunda geração - o Brasil conquista o Mundo duas vezes e mais duas medalhas olímpicas
Principal atleta - Wlamir Marques
Foi Zenny de Azevedo o responsável pela transição da primeira para a segunda geração de atletas vitoriosos no basquete brasileiro. Com Wlamir Marques, Amaury Pasos, Édson Bispo, Rosa Branca e Waldemar Blatskaukas e sob o comando de Kanela, o jogador Algodão chegou a uma das maiores glórias do basquete nacional com o primeiro título mundial conquistado em Santiago no Chile em 1959, ficando a frente dos Estados Unidos e Chile bem como o bronze nas Olimpíadas do ano seguinte.

Wlamir Marques, Rosa Branca, Amaury Pasos e Waldemar Blatskaukas foram responsáveis ainda por conquistarem o último campeonato mundial para o Brasil em 1963 realizado no Rio de Janeiro. Com o auxílio de Victor Mirshauswka, Ubiratan e Sucar, superando a União Soviética e a Iugoslávia. O Brasil era o primeiro bicampeão mundial de basquete.

Essa turma também foi a responsável pela última conquista de medalha olímpica para o Brasil no basquete (sendo de bronze). Em 1964, na edição realizada em Tóquio, a equipe contou com Édson Bispo no lugar de Victor e as boas apresentações de Mosquito. Parte desta equipe mais tarde foi a responsável por trazer o primeiro bronze em mundiais para o Brasil em 1967 ficando atrás da União Soviética e Iugoslávia (principais potências da época). Em 1968, chegou a participar da última disputa por medalhas na história do esporte brasileiro não sendo páreo à União Soviética que levou o bronze nas Olimpíadas do México deixando o Brasil em quarto.

O segundo e último vice campeonato mundial brasileiro também veio com boa parte deste grupo na Iugoslávia em 1970. Wlamir Marques (talvez o maior atleta brasileiro de basquete), Rosa Branca, Ubiratan (escolhido para o time do campeonato), Sucar e Mosquito, em conjunto com o técnico Kanela e agora com o auxílio de Edvar Simões, Menon, Hélio Rubens e Sérgio Macarrão. Na ocasião, o Brasil ficou atrás do time da casa por um ponto levando a prata.

Boa parte da reserva da segunda geração também foi a responsável pela primeira medalha de ouro em Pan Americanos para o Brasil no basquete. Hélio Rubens, Mosquito, Menon, José Aparecido, Marquinhos Abdalla, Dodi e Carioquinha. A conquista veio em 1971, um ano após a despedida de Wlamir Marques da seleção brasileira. A conquista teria sido uma falsa impressão de que a renovação da seleção de basquete vingaria.

A terceira geração - basquete perde espaço e Pan é a principal conquista
Principal atleta - Oscar Schimdt
Talvez devido ao fato de o esporte ter sido profissionalizado em diversas partes do mundo com os torneios nacionais e regionais (em 1965 o Brasil editou a Taça Brasil de Basquete, avô do atual NBB) bem como o acréscimo de países na competição mundial, o Brasil começou a ter grandes problemas no sentido de não alcançar resultados satisfatórios em torneios mundiais e Olimpíadas. Tanto que o Brasil só conseguiu figurar entre os três melhores do mundo uma vez desde então em 1978 no Mundial das Filipinas com seu último bronze.

Nas Olimpíadas a equipe não se classifica pela primeira vez em 1976. Em 1980, 1988 e 1992, consegue a quinta colocação. Em 1996 a sexta e em 1980 a nona posição (repetindo a pior posição do time em 1936). Nas edições de 2000, 2004 e 2008, o Brasil não conseguiu se classificar para o basquete retornando este ano e perdendo para o maior rival regional, a Argentina.

Após a primeira medalha em Pan Americano em 1971, o Brasil viu o basquete praticamente desaparecer na década de 70. Situação que é mais evidente com a não classificação da equipe para as Olimpíadas pela primeira vez. Entretanto, com uma grande e ousada renovação no elenco o Brasil volta a figurar pela última vez entre os três melhores do Mundial de Basquete.

Carioquinha (campeão do Pan de 71), Marcel, Oscar Shimdt, Gilson Trindade e Marquinhos Abdalla com Hélio Rubens e Ubiratan (também campeões em 71) e Fausto Giannechini comandados por Ary Vidal representaram uma das maiores mesclas do basquete nacional levando o país para o terceiro lugar no Mundial das Filipinas de 78.

É a partir daí que o Brasil começa a conhecer o maior cestinha de basquete. Depois da medalha de bronze no Mundial das Filipinas, o "Mão-Santa" ainda conquistou o bronze em 1979 com o elenco do mundial, participou de cinco edições de Olimpíadas sendo o jogador de basquete com maior participação no evento não tendo ganhado nenhuma medalha.

Possui 49.703 pontos marcados em toda sua carreira. Recordes de mais pontos feitos em Olimpíada, Mundial, Pan Americano e Liga Sul Americana. É o maior cestinha da seleção com mais de sete mil pontos. Possui quase 14 mil pontos convertidos nos seus sete anos de carreira na Itália.

E é junto com Guerrinha, Marcel, Gérson, Israel, Maury, Cadum, Paulinho, Pipoka e o técnico Ary Vidal que o jogador foi o responsável pela maior façanha do Brasil no basquete naquela que é considerada a maior vitória brasileira do esporte. Na final do Pan Americano contra o Dream Team dos Estados Unidos em Indianápolis, a equipe de Oscar e CIA derrotaram pela primeira vez até então a equipe americana na sua casa após perder o primeiro quarto por cerca de 20 pontos de distância.

Essa é a mesma geração que conquistou a última melhor colocação do Brasil em Mundiais. A quarta colocação no Mundial da Espanha conquistada pelos Estados Unidos um ano antes da façanha canarinha.

Alguns jogadores do Dream Team dos Estados Unidos naquela final do Pan de 87
Para os mais aficionados em basquete, o nome David Robinson pode ser traduzido em um dos melhores jogadores norte-americanos da década de 90. Em sua carreira junto ao San Antonio Spurs formou a lendária Torres Gêmeas ao lado de Tim Duncan devido a semelhança de tamanho e estilo de jogo. E é nos Spurs que o atleta teve sua maior glória tendo atuado em 987 jogos e aparecendo "apenas" 10 vezes no All Star Game e quatro vezes eleito para o melhor time da NBA.

O que dizer então de Chapman, outro atleta norte americano que precisou apenas de dois anos nas competições universitárias para ingressar no NBA. Passando pelo Charlotte Hornets, Washington Bullets, Miami Heat e Phoenix Suns. Em 1987, aos 20 anos, a então promessa do Kentuchy que se destacou como o oitavo melhor atleta no ano seguinte na NBA, Rex Chapman também era um dos atletas do Dream Team daquela final.

Dan Marjele, um dos melhores jogadores defensivos que passaram pela NBA em 1987 estava nos torneios universitários defendendo o Michigan. No ano seguinte e posteriores o atleta passou pelo Suns, Cavaliers, Heat, retornando para se aposentar no Suns. Apareceu três vezes no melhor time da NBA e duas no melhor time defensivo da franquia.

Danny Manning que chegou ao Pan Americano após grande atuação nos torneios universitários pela Universidade de Kansas é simplesmente o principal responsável pelo título universitário da equipe no ano seguinte. Duas vezes escolhido no All Star Game e o sexto melhor jogador de 1996.


A grande virada e a maior vitória do Brasil no basquete
Inferiorizado tecnicamente, o Brasil entrou em quadra para decidir o Pan de 1987 com a intenção de perder de pouco, mas acabou conseguindo uma virada e a medalha. O então técnico Ary Graça apostou nos arremessos da zona dos três pontos com Marcel e Oscar. Se ambos não tivessem percentual altíssimo de acertos, a derrota seria absoluta. Mas a virada e a vitória por 120 a 115 entraram para a história.

Sem desmerecer os demais, foi uma vitória do talento de Marcel e Oscar, que fizeram 55 pontos, juntos, apenas no segundo tempo. No total, Oscar anotou 46 pontos e Marcel, 31. Foi a primeira vez que uma seleção norte-americana foi derrotada em casa e a primeira vez que tomou mais de cem pontos diante de seus torcedores.

O título do Pan Americano de 1987, devido ao fato de enfrentar uma das maiores equipes de basquete americano na casa deles acabando com um tabu mundial de vencê-los em casa. A conquista foi tida como a mais importante desde o Copa do Mundo de Futebol de 1970.


O futuro do Basquete brasileiro - a "quarta geração (?)"
Com o fim da era Oscar e Marcel, o basquete encontrou um novo período de encolhimento que foi evidenciado pela falta de participações em Olimpíadas. Depois de não atuar em 2000, 2004 e 2008. Talvez pelo projeto do NBB ter dado certo, o Brasil voltou às Olimpíadas em 2012 na Inglaterra.

Se nas Olimpíadas o Brasil não conseguiu sequer adentrar, no Mundial, depois do quarto lugar em 1986, o Brasil foi quinto na edição de 1990, chegou a ser décimo nono em 2006 na Espanha e é o atual nono colocado após o campeonato mundial de 2010 nos Estados Unidos depois de várias eliminações para a Argentina na segunda fase da competição.

O basquete brasileiro só voltou a vencer efetivamente nos Jogos Pan Americanos com quatro medalhas de ouro em 1999, 2003, 2007 e 2011. Enquanto o elenco formado por Helinho, Caio, Vanderlei, Rogério, Marcelinho Machado e Josuel com Hélio Rubens no comando técnico foi o responsável pelo título em 1999 na edição de Santo Domingo na República Dominicana o Brasil pôde ver o que pode ser chamada de quarta geração do basquete.

Com Alex Garcia, Marcelinho Machado, Guilherme Giovanonni, Anderson Varejão, Tiago Spliter e o auxílio de Marcelinho Huertas de 2005 para cá. Além das medalhas dos quatro Pan Americanos seguintes, o Brasil foi campeão da Copa América Pré-Mundial de 2005 e 2009 que renderam vaga para o Mundial de 2006 e 2010. A medalha de prata no Pré-Olímpico das Américas em Mar del Plata com derrota na final para a Argentina, mas que assegurou a equipe nas Olimpíadas de 2012 e a quinta colocação em Londres.

Em 2014 teremos novo Mundial de Basquete bem como em 2016 teremos as Olimpíadas no Brasil e o NBB tem sido uma ferramenta muito importante até o momento para fazer com que muitos jogadores sejam revelados bem como possamos evidenciar o basquete como na década de 50 e 60. Graças a Algodão, Wlamir e companhia o Brasil é a terceira seleção com maior número de torneios mundiais de basquete junto com a extinta União Soviética perdendo para a também extinta Iugoslávia (com cinco títulos) e os Estados Unidos (também com cinco torneios).

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